terça-feira, 25 de março de 2008

Cores, letras e sons.

Um mundo em três cores, vinte e três letras, sete notas musicais, infinitas pessoas, ar e água. Mundos distantes e vizinhos, paralelos e transversais.

Vê-se da porta da sala pássaros pretos na calçada e pombas brancas nos galhos das árvores da praça. Da janela ao lado só um campo cheio de rosas amarelas. No segundo andar, no quarto da sacada, temos a visão de um lago. De dentro do átrio fechado, um mundo cúbista, caótico.

E eu, aqui, sentado em frente um monte de papéis, vejo apenas um mundo, branco, com linhas, rabiscos e pó de borracha.É o meu mundo, o mundo da criação, da realidade e da fantasia, o mundo que um dia será real.

domingo, 23 de março de 2008

Tudo aconteceu, passou e do mesmo modo como veio, áo invés de fluir, continuou. Me doía saber de tudo e nada poder fazer, não me esquecia de tudo e o mundo corria de forma a me lembrar, cada dia mais, de sua existência.

Todo dia era a mesma coisa, acordava e lançava meus olhos fora da órbita, procurava um esconderijo para eles e me deparava com a mesma imagem. Vermelho, tudo vermelho e seus cromados. Amava ver aquilo, mas logo me doía e me fazia repensar a vida e o que havia passado nos últimos meses. Chorar não chorei.

Via e desvia, olhava e desolhava. Decidi que não me faria mais mau caráter do que já estava sendo. O mundo volta a sorrir depois de hoje.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Paz

De hoje em diante há um novo decreto no reino do grande imperador NonJustus: só terá paz quem tiver dinheiro.

E como NonJustus é muito justo, dividiu a fortuna do reino entre os súditos e todos tiveram paz, tiveram?

Fidel, Fidel, ainda bem que tudo terminou, bem ou mal, terminou. Melhor do que se podia esperar, e terminou.

Por aqui, vejo um mundo diferente e, ainda não sei se foi por bem ou por mal que veio sem dinheiro, com paz. Obrigado Jesus, obrigado Inconfidentes, obrigado democracia que nos dá a oportunidade de criarmos nossa própria paz.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Hoje, estudando um pouco de física moderna depois da aula, aprofundei-me nos mistérios do tempo-espaço e nas fabulosas idéias de visionários e criadores de ficção. Buracos negros, densidade infinita, nona dimensão, quebra da linearidade do tempo.

Sons, luzes, acontecimentos, guerras, fatos diversos, repetidos e ao mesmo tempo únicos perdidos no passado ou guardados em gavetas só esperando para serem abertas e reviradas?

Pensa-se num mundo diferente, em poder consertar tudo o que se fez de errado, só em notícias boas, em previnir ataques, guerras, epidemias, mortes, em fazer espetáculos sempre perfeitos, nao ter erros nem deslizes, e tornar o mundo sem defeitos, sem defeitos mas sem expectativas nem curiosidade, já que tudo acontece da forma certa.

Os erros trazem idéias novas, fazem os seres pensarem ou agirem instintivamente de outra forma, os erros ensinam e marcam a vida de forma a contornarmos todos os calos e cicatrizes criados pelas atitudes e pensamentos que não surtiram o efeitos esperado.

Seria fantástico poder voltar no tempo, rever as pessoas que perdemos, não estar naquele lugar em determinado momento, fazer coisas que não fizemos e refazer as feitas de modo a torná-las mais proveitosas e interessantes ao nosso ver. Provavelmente seria algo muito complicado e difícil de lidar, já que não sabemos quais seriam as implicações causadas no futuro pela alteração do passado. Também, pra que mudar o que se foi? Deveríamos assumir as atitudes e lidar com as conseqüencias.

A vida é feita de erros e acertos, mais erros que acertos. Não deveríamos desejar voltar ao passado, não deveríamos querer mudar o que já se foi. Deveríamos sim, a partir de esforços próprios e no presente, criar um futuro melhor.

sábado, 15 de março de 2008

Hoje

Eu queria hoje ser uma cadeira, sem nada a dizer, sem nada a mudar, sem nada a acrescentar.

Eu queria hoje ser uma cadeira, muda e calada, que só ouve e não precisa se mover.

Eu queria hoje ser uma cadeira onde pessoas sentassem.... sentassem?

Eu não queria ser uma cadeira nunca, não quero ninguém nem nada sobre mim.

quarta-feira, 12 de março de 2008

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A vagabunda só me fez esperar, e hoje digo, amei por nós dois. Tantas juras, tantos mimos, tantos orgasmos e aquela postura apaixonante. Por que tudo, em vez de se desenrolar, virou um novêlo?

-Joga para o alto tudo, cuspa nos pés do papa e taca pedras à base da cruz. Grita tudo o que lhe vier em pensamento, por mais selvagem que lhe possa parecer.

Aquelas juras, não mais podem crer. Aqueles mimos, ficaram no íntimo de nós. Aqueles orgasmos, fingidos! E a mesma postura.

Bate a esperança à porta de casa e tudo escurece. Ainda bem que se foi. E frita meus neurônios e ferve meu sangue. Não é ódio, é orgulho, é amor próprio.

Nesse momento

Sons e luzes, fontes de pensamentos, ações e reações, chamam minha mente ao fundo e meus pensamentos à tona.

Cores, flores, cheiros e medos, caminhos que não tenho como seguir, e minha cidade jamais me mostrará novamente.

terça-feira, 11 de março de 2008

Olhei pela janela e descobri o mundo. Não tinha certeza de mais nada e só o que queria era o conforto de seu abraço. Podia ou não, vez ou outra, dar-me o luxo de sair para jantar com algum espírito que estivesse vagando por aqui. Era uma companhia silenciosa, muda e fria, que me fazia muito bem.

Mesmo com a necessidade da presença de alguém conhecido fazia-me de forte, e forte não era. Sorri, e deixei escapar uma lágrima bem gorda e escandalosa quando olhei pelo olho mágico da porta e descobri, do outro lado não havia ninguém.

Para esse mundo existem diferentes vinis, um de blues, outro de rock, um de clássicos e outro de clássicas, aquele de reggae. Hoje, um disco que há muito não tocava e pensava estar descartado apareceu em minha jukebox. Uma voz doce e feminina cantava Killing me softly whit his song e me embalava em profunda melancolia.

Imaginei Frida Calo junto de mim e um drinque a ser bebido por nós na mesma taça. Aquela mulher feia, com buço marcante, que tinha tantos mistérios quanto o mundo à minha volta.

Ninguém, nem mesmo eu, poderia me fazer acreditar que não estava ficando louco. Meus pensamentos criaram uma construção enorme, de pedra e cimento, assinada por Gaudí e musicada por Bach. Construção bela e caótica, inacabada e perfeita, era o que me foi projetado.

A fluidez que me trouxera até aqui, agora não mais se apresentava. Parecia-se mais com um monte de miçangas coloridas em cabelos revoltos. Sem rumo buscava minha consciência.

Adormeci e sonhei com o mundo onde usava fraldas e sentia o cheiro do café coado por vovó pontualmente aos cinco minutos para as quinze. O gosto dos pães e quitandas de minas, a sombra da parreira no quintal, as tardes chuvosas com cheiro de terra e as ensolaradas onde os bem-te-vis fanfarrões aprontavam mil e duas peripécias.

Acordei e estava junto dos prédios e do fim do mundo. Longe dos corações e perto das mansões, onde estão as expectativas. Estava em fuga do resto de mim.

-Pára de se lamentar, pára de sonhar com o que já se foi. Aconchega teu eu dentro de ti mesmo, vive e não reclama, essa é tua sina.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Portas e janelas abertas, ventilador ligado e muitas pessoas; trinta, mais de trinta graus, pessoas. O calor vencia os artifícios e os bons modos estavam bem esquecidos; mãos agitadas, cabelos desgandanhados, pés fora dos calçados, marcas escuras nas camisetas que indicavam suor.

Competia ao mestre a liberação dos estudantes e conseqüente alívio da tensão e ansiedade causados pela hipertermia corporal que, àquele momento, causava incômodo e desnorteio.

As mulheres, poucas e formosas, com o colo de fora, respingavam como se, frenéticamente, estivessem com homens e estes cheiravam à cavalos molhados.

O sol impiedoso, açoitava o lombo das árvores e ,quando chegasse meio dia, secaria até mesmo as mais verdes folhas do topo. Da janela, via-se os galhos que dissoravam e murchavam. Os pássaros que refrescavam-se à mangueira respingante, travavam épicas batalhas pelas poucas gotas de que não tinham nem sequer tempo de escorrer pelo chão, já que viravam vapor quase instantaneamente.

Confrontava meu desconforto à felicidade dos lagartos e mal podia tentar entender o que gerava tamanha satisfação naqueles seres asquerosos e ao mesmo tempo poéticos.
Quem dera, José, Maria, eu e quem quer que fosse, pudéssemos estar num hotel de gelo no norte da Europa.

Viva o povo das terras altas, onde não há calor como esse, viva as praias, açudes e piscinas, a cachaça, a boa música, as pernas, peitos, bundas, o biquíni e o top-less. Viva o fim da aula e a água gelada do bebedouro.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Diz-se de tudo o que é belo, da alma surgiu, de Deus é filho.
Da vida tem-se o mundo a correr e as pedras, areia tornarem. O vidro, água e sal, cem anos não bastam, nem cem graus.
Correr sem sentido, olhar para o abismo, berrar e, contudo, não ouvir-se.
As putas se remexem e ouro fazem com as coxas, pencas de filhos aos ventos e ao crime, não são, nem serão, futuro de pátria alguma.