quarta-feira, 28 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Fer-vor

Meu caro amigo, sem perdão,
és um símbolo dum país sem nação,
desinteresse meu não tem rumo,
e não é choro teu sumo
nem amor tua dor;
ontem foste mais que mais um,
amanhã nenhum desamor.


E o que me parecia perfeito
caiu desse jeito sem perdão,
e tinha cá pra mim que eu era da pesada;
mesmo que toda a miséria me fizesse menor
ainda seria bom;
e as águas, que tantos segredos sabem,
te diriam mais do que sabemos.

Larga o dia, e passa com seu vestido grená,
um dia chove, outro dia bate sol,
e a gente vai clamando por aí,
venho atiçar suas saudades,
sem a cachaça e a aqui vão jogando futebol.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lenha.

Hoje acordei com uma chuva pesada batendo na janela. Era menos de 5 da manhã e a vontade de sair da cama não vinha. Nem um Amor de Perdição ou uma Moreninha me tirariam debaixo das cobertas com o frio que fazia.

Me lembrei de quando, ainda pequeno, ficava na fazenda da minha bisavó sentado ao lado do fogão de lenha brincando com as brasas. Surgiam ideias para novas traquinagens, a bisa aparecia com doce de leite pra mim ou um pedação de rocambole. Não havia frio que me espantasse, e nenhum monstro surgiria para me assustar, ali estava protegido.

O fogo causa espanto, causa medo, é perigoso, mas traz também segurança, conforto, tranquilidade para aqueles que o respeitam.

Lembro também dos gatos da fazenda, aqueles gatos que ninguém os vê em momento algum, só quando alguma coisa do lado de fora da casa está errada, uma chuva forte, um cachorro ameaçador ou qualquer intempérie que signifique perigo aos ariscos felinos domésticos - nem não domésticos ou domesticados assim - que se aqueciam próximos ao fogão e ali tinham seu cantinho para dormir.

Bom mesmo era pensar que o mundo girava ao redor daquele fogão, onde toda a família se servia do que quer que houvesse em cima dele. Eram tantos primos, tios, parentes distantes e amigos que nunca a mesa da cozinha se esvaziava e a movimentação cessava.

Em cima de um armário, várias latas enormes cheias de bolachas de amoníaco e biscoistos de polvinho, e nele inúmeros potes com os mais variados tipos de pimenta. Tudo isso era acompanhamento para o que saía do fogão.

Gostaria de ouvir as histórias que esse fogão tem pra contar.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Da Escolha da Profissão

Um belo dia amanheci e, neste dia, rumei à um mundo diferente daquele que eu conhecia. Um velho conhecido que estava bem mudado, apresentava-se diferente, vestia roupas novas que ainda assim deixavam seu peito descoberto. Seu sorriso era o mesmo e seus olhos tinham agora um brilho que prendia a atenção do novo morador, transeunte conhecido da região.


Escrever, para nós, é uma necessidade. Mesmo todos os leitores do mundo e mil anos nos seriam poucos para tanto ímpeto. Viver é fundamental.

A intuição deve ser seguida quando falamos da escolha da profissão. Ela não está só ligada ao status social, necessidades e achismos, está intimamente ligada com a vocação. É nos níveis mais profundos da consciência que existem respostas para todas as indagações - aí entra a capacidade de intuir.

A compreensão sem interferências dos aspectos da realidade é chamada intuição, e vem do contato da consciência externa do indivíduo e do seu mundo pessoal e abstrato. Surge sem que se faça uso de qualquer atividade mental ligada ao raciocínio, no intervalo entre os pensamentos. Existe aí a necessidade individual de entregar as ideias com desapego à sua natural capacidade interior de resolver problemas, isso liga a percepção clara e imediata à fé, essencialmente.

Caminha-se numa linha tênue, sutil e delicada. Nenhuma excitação aflora, nem surgem paradoxos, a alegria e a tristeza, o entusiasmo e a angústia. Em geral não lhe é dada a devida importância, todavia pode-se concluir que a intuição poderia prevalecer sobre o pensamento automatizado em grande parte dos casos. É aí que muitos vestibulandos caem em tentação e optam por um curso que foge à natureza de seus corpos, deixando de lado seu íntimo selvagem, que conhece tudo o que se passa dentro de cada um deles, e agindo de forma racional, criando expectativas e sobrepondo preferências de uma massa social genérica à sua percepção nata.

A falta de instrução dos jovens com relação à escolha da carreira aliada à um mundo onde algumas poucas profissões são insignes e as outras sem relevo, quando não gera o abandono da carreira durante ou após a faculdade, promove uma enxurrada de profissionais deprimidos, inseguros e que vivem em um cárcere de emoções.

Por que não deixar o pensamento correr solto e ir atrás de seus sonhos tão logo eles sejam palpáveis?

Na vida encontramos muitas coisas notáveis e úteis, que não duvido serem proveitosas a quem procure a verdade e queira fugir de pontos obscuros, rudes e imperfeitos, os quais por vezes ocorrem.

Muitas das coisas que tememos não carregam em si nada de bom nem de mau senão enquanto o ânimo se deixa abalar por elas. À primeira vista parece insensato querer deixar uma coisa certa por uma então incerta. De fato, via as comodidades que são geradas por honra e por riquezas, a suprema felicidade não consiste nessas coisas. No que tange à concupiscência, o jovem repousa num bem criado por ela, onde torna-se impossibilitado de pensar noutra coisa.

A intuição é sábia e na vida o único Mal é a ignorância. É daquela que devemos usufruir e é nela que encontraremos a razão. Com efeito, disso podemos tirar não pequeno proveito; acresce que desse modo oferecerão ouvidos prontos para a verdade.

"A coisa mais difícil para o homem é o conhecimento próprio."

Provérbio Árabe