segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Oriente

O som do baixo oito de Januário. O ronco do cachorro no canto da sala, dormia esperando a manhã que não viria. Debaixo do tapete, uma casa que já não existe mais. As penas do papagaio que ficava no quintal, desengaiolado, caídas pelo chão da cozinha.

Hoje tem festa. Antônio, o que dizem ser o Santo, nas barracas ilustrado, uma folha de jornal falando do prefeito. Tem mangada, amendoim, tem cajá, pipoca, um maço verde pra benzer.

Ouvi do caminhoneiro: Aqui o rei é Luiz Gonzaga! Januário é o pai. Como se faz o baião? Vou contar pra você.

Me contou histórias, do triângulo me disse muito, da zabumba tirou o couro num ritmo mágico.

Apenas me virei, com os pés no chão olhei pra mulher ao meu lado. Ela parecia corresponder ao meu íntimo. Fomos ensinar como se faz o baião.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A História Me Absolverá


Depois de tanto tempo venho manifestar a felicidade que me domina pelos oitenta e quatro anos de vida de um dos maiores homens da história. Bem recuperado e com saúde, Fidel Castro, longe do poder em Cuba desde 2008, dedica a maior parte de seu tempo à atividades intelectuais, como a leitura e a divulgação de textos via internet em repúdio aos Estados Unidos e sua política imperialista.

Lembro-me então do seu grande companheiro de luta, que o ajudou a implantar o regime socialista na ilha e percorreu incontáveis kilômetros de aspirações, ideais e glórias, Ernesto Che Guevara de la Serna. Me vem à cabeça uma música que, tempos mais tarde, viria a reconhecer como de autoria de Carlos Puebla. "Hasta siempre, comandante". A música é uma resposta à carta de Che, de 1965, onde despede-se da confortável posição no governo da ilha centro-americana, já estabelecido, em favor da incerta luta revolucionária internacional.

A música revela a fidelidade dos companheiros de Che dizendo: "Hasta siempre", até sempre. Ao grande mestre Fidel, brado o mesmo incontáveis vezes, de peito aberto, esperando que a energia do maior revolucionário da história, nunca se finde.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Imperial Orquestra dos Sentimentos Sem Cadência

Cheguei a pensar que todas as minhas sensções tivessem se mudado pro etéreo. Talvez elas estivessem guardadas bem no fundo da minha alma, escondidas de não sei quem, não sei o quê. Era como enxergar branco e preto, num retrato do hoje, um soneto sem tercetos. Depois virar a tevê e tentar enxergá-la por detrás, através da caixa preta que gentilmente a abriga e esconde lá dentro tanta gente pequenina. Eu tinha frio e não sabia. Agora tudo é febril e meus ossos batem numa cadência jamais antes sentida, meu esqueleto dança regrooved.

Minha caixa preta apita, - denunciando o acidente anterior - eletronicamente fadada a relembrar o ser humano das suas limitações, das tentativas que deram errado.

Tudo enterrado, seja lá o que Deus quiser.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Assistindo ao meu próprio velório pensei:

Aprende-se em um dado momento da vida como se divetir sozinho. Ser feliz também está nessa, estar completo não entra nesse jogo.

A busca incessante pelo autoconhecimento, pela liberdade e capacidade total de expressão, de ser capaz de se enfrentar, enfrentando assim suas próprias inseguranças e rompendo limitações quebram a barreira do privado. De forma gradual a leitura, das mais diversas áreas, sem preconceitos e com um direcionamento preciso, contudo flexível, é a chave mestra da atenção, zelo e preocupação com o bem estar do próprio corpo, mente e espírito.

Rever conceitos, palavras magna que mamãe sempre nos fala. Ampliar horizontes, realmente, produto da leitura e da convivência com as mais diversas pessoas.

Debaixo de cada pele existe um ser único e mágico, muito mais interessante do que o exterior se mostra, mesmo que, para determinados padrões, nada flua e condiza com o que esperamos. Ninguém é totalmente desprovido de conteúdo, normalmente só não tem a mínima condição de transmitir e sustentar assuntos por um espaço de tempo satisfatório. É aí que o mundo gira, os lençóis caem, as luzes se apagam, o refrigerante perde o gás, e todo mundo perde o tesão no ícone sexual do colégio, da academia, que se conheceu na rua, no supermercado, na sala de espera do consultório do dentisa, que pensou-se gostar algum dia, e mostra que as sinapses interpessoais estão rompidas.

terça-feira, 27 de abril de 2010

iPad, a nova tentação. - Com Nelson Merlo

Entrevista com Nelson Merlo, único piloto da história do automobilismo brasileiro com títulos em todas as categorias de Fórmula do País. Nelson é dono de um carisma impressionante, querido por todos no meio automobilístico e é reconhecidamente um dos pilotos mais técnicos e rápidos do Brasil. Merlo tem um histórico de vitórias que vem da época do Kart, passa pela Fórmula Renault e também pela Fórmula 3 Sul-Americana. É também um amante da tecnologia e hoje fala com exclusividade para a Revista Star sobre o mais recente lançamento da americana Apple, o iPad.

Eduardo Zanetti – Boa tarde, Nelson. Tudo Bem? Agradeço desde já sua disponibilidade.

Nelson Merlo – Tudo bem. Claro, sem problemas.

Eduardo Zanetti - Quais são as vantagens e desvantagens do iPad, quais os benefícios do aparelho na sua área de trabalho? Ele traz ajuda nas pistas?

Nelson Merlo – Única desvantagem é que ainda não tem muitos aplicativos próprios pra ele, assim acabo usando os mesmo que tem no iPhone, só que ampliados. E ainda tem que esperar um tempo para os sites e outros serviços se adaptarem a ele...
Na pista não muda muito, única coisa é que posso acessar sites como o Cronomap, que mostram os tempos de qualquer lugar. E tem um aplicativo legal de F1, que transmite as corridas ao vivo, mostrando a posição dos carros na pista, etc.

Eduardo Zanetti - Poxa, esse aplicativo da F1 deve ser muito bom. Pra nós que somos fãs de automobilismo é um prato cheio. Fora o tamanho da tela, o iPad tem vantagens sobre o iPhone? Qual seu grau de satisfação com o aparelho?

Nelson Merlo – Além do tamanho, a velocidade do processador é maior, e os aplicativos padrão, como o Safari, email, agenda, contato, fotos, mapas todos foram feitos exclusivamente pra ele.
Não são iguais aos do iPhone. A bateria dura muito mais do que a do iPhone também. Tenho um Wi-Fi, o 3G não saiu ainda, mas compartilho o 3G do iPhone com ele, assim posso usar em qualquer lugar. Deixo só o iPhone no bolso e acesso a internet pelo iPad. Acho que não valerá a pena comprar o 3G por isso. Quem já tem iPhone não precisa do 3G, porque também não tem que fazer outro plano de dados, pagar outra conta de celular, etc.

Eduardo Zanetti - O consumo tecnológico é algo que não tem fim. Mesmo sabendo-se da não necessidade da aquisição do 3G, pessoas que já tem o Wi-Fi, com certeza comprarão um novo aparelho com a nova tecnologia. Enfim, caso seja necessária, a assistência técnica do aparelho já é feita no Brasil? Pela Apple ou algum agente autorizado?

Nelson Merlo – Ainda não, porque ele não começou a ser vendido aqui. Só nos EUA, no resto do mundo ainda não foi lançado.

Eduardo Zanetti - Muitíssimo obrigado, Nelson. Essa é mais uma novidade que promete para os consumidores do Brasil. Boa sorte com seu trabalho nas pistas.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Lecionar






Que algum dia a água não apague o fogo e que o a lua ilumine os dias.
Depois de noites de sono mal dormidas, a necessidade de criar sucumbe ao cansaço mental e o blog torna-se refúgio das idéias incompletas. Sei não, me parece que o dia anda mais curto e a noite mais longa.

Debaixo das asas daqueles que perderam a ideologia governista antes proposta, do governo irresponsável, do desrespeito aos docentes e o respeito dos alunos por estes e sua luta, as paralisações e protestos tornam-se pouco audíveis à sociedade. Os patrões vivem no fundamental lucro à custa de exploração. Até onde iremos chegar?

Me disseram tempos atrás: Quem faz o mundo são os alunos. Eu retorço: Quem faz o mundo são os professores.

De nada adianta a busca sem direcionamento. O caminho que os mestres nos indicam nem sempre é o melhor, mas jamais é um caminho que nos leva a nada e nos torna sem objetivos.

sábado, 20 de março de 2010

Ácido

A velha, a voz
canta o som que margeia
que margeia o som
que sai do peito, da bolsa
da velha, que chora
que ri, que come
e fode.

Lá é tudo barato,
é um barato,
a barata é um barato,
que canta, que chora,
que geme, que grita.

A velha pinta
o corpo e procura
o que é certo,
errado,
que fede
e é cristalino.

Não tia,
eu não to com leucemia,
não tem tristeza, nem medo,
nem ziquizira,
que seca a teta
da preta,
que bebe
o leite do gato,
que rasga o peito
quando
de noite,
escuro,
é dia.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Estudantes se (re)organizam

Sem acontecer desde 2006, o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Erecom) vem com força total no intuito de mobilizar a executiva regional dos estudantes de comunicação social a retomar as atividades estudantis e organizar os estudantes, propiciando uma vivência dessas situações em um espaço diferenciado. Sem esquecer do lado político-social, o encontro objetiva preparar os alunos que desejam participar dos movimentos em defesa da profissão e outras diversas pautas abordadas pelo movimento e seus interesses para o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecom), este que promove discussões de interesse nacional.

Para o ano de 2010 a comissão organizadora do Erecom já está em processo de formação e discussão e receberá membros colaboradores no Diretório Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Fumec (DA.com), sendo composta apenas por estudantes do estado mineiro. Estudantes da Fumec, Newton Paiva e PUC-MG já participam do processo organizacional e tem a pretensão de expandir o corpo integrante com alunos das mais diversas instituições de ensino superior.

A próxima reunião da comissão organizadora do Erecom acontecerá no campus São Gabriel da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais na próxima terça-feira, dois de março, às 13h. Compareça e ajude a embasar as diretrizes regionais da comunicação social.

Um brinde à sétima arte

O Diretório Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Fumec (DA.com) dá continuidade ao projeto de campanha que propôs a criação de uma DVDteca para atender aos alunos do curso. Aproximadamente 20 títulos já estão disponíveis para empréstimo, dentre eles “Carandiru”, “Olga” e “Moulin Rouge”, além dos bons VHS previamente existentes.

Pede-se também a colaboração dos alunos que possuírem títulos de interesse coletivo que venham a ceder os filmes para o DA.com que fará cópias para uso não comercial e posteriormente os devolverá em perfeito estado.

Os interessados podem conferir os títulos disponíveis e colaborar com o acervo no DA.com. Todo o processo de empréstimo dos filmes é feito pela secretária Natália, das 8h00 às 12h00.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Atividade

A imprensa está caindo em descrédito, sem para-quedas e sem ninguém que a segure. Isso se deve a perda do papel social do jornalista.

Há um certo tempo, a informação correta, imparcial ao público leitor deixou de ser transmitida, deixando pra trás o papel social antes atribuído a este formador de opiniões.

Dizer que o papel social do comunicólogo chegou ao fim não é sinônimo de dizer que o jornalista não tem papel social, o que, felizmente, há em abundância.

Buscar informações idôneas, informar o público leitor e fiscalizar os poderes é a essência da atuação social do comunicador, falta colocá-lo em prática.

Em apenas quatro anos de faculdade deve-se formar um profissional de caráter, bagagem e competência, é a alavanca da máquina da sociedade da palavra, onde, antes dela, Hitler justificou a morte de milhares de pessoas, Jesus Cristo pregou e Lula se elegeu.

Lembrando o poder do comunicador, temos Ernesto "Che" Guevara - Prefiro enfrentar um exército a enfrentar um jornalista.

Esse poder, hoje, foi redescoberto durante a busca do controle da opinião pública por um partido político.

O jornalista é um ser social.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Novela das Férias de Verão.

Há seis semanas os sons daquela melodia do mato vinham se reproduzindo com uma nitidez cada vez maior, antes era o sabiá na Serra da Boa Esperança, aquele que bateu asas e aninhou na minha janela, depois os filhotes. Tinha cheiro de mato seco e dali vinha um calor com gosto de sereno que me lembrava as manhãs na fazenda junto do curral e as galinhas que eriçavam as penas tentando se aquecer...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Himeneu

No capítulo trinta do livro Cândido ou O Otimismo de Voltaire, o escritor insere duas palavras em um contexto assustador para a segunda metade dos anos 1700, pelo menos a meu ver. Foi, sem dúvida alguma, a passagem mais marcante do livro para a grande maioria dos leitores da atualidade. Rabugenta e insuportável foram as palavras, e elas se referem à Cunegundes, grande amada de Cândido, o protagonista, pela qual ele viajou o mundo, perdeu fortuna, passou inúmeros apuros e pensou durante toda sua odisséia só ter felicidade quando encontrasse a amada.

Voltaire, na conclusão de sua obra, fala das provações por que passou Cândido e do seu casamento com Cunegundes e ainda: mais nada lhe restou além de sua granja; a mulher, dia a dia mais feia, tornou-se rabugenta e insuportável.

Seria esse o fim de todos os homens? Seria mesmo o casamento uma reunião de desilusões e medos, um consórcio com o diabo e o banquete onde vamos nos redimir à todos?

Ainda me vem o pensamento de que todos gostam quando a noite vem e que isso é o que faz todos perpetuarem numa escravidão sem vassalos nem suseranos, quiçá, algum dia, se amarão sem saber.