quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Periódico

Cada momento que passa funde uma peça da nossa engenharia. O que circula, leva e trás, o que se esvai, é reposto. Pra viver daqui pra frente, só sabendo mais do ontem e, pra saber do ontem, aguardar.

Esse mundo doce, plácido e com alma, é pra quem, sente.

Bate à minha porta, logo que nasci, um senhor de camisa branca, dá-me um maço de folhas, um abraço e vai. Pra onde, não sei. E esse feixe tinha uma peguena inscrição no canto direito, bem lá em cima - Guia da Vida. Apenas um punhado de folhas, folhas em branco.

Certo dia estive remexendo uma velha caixa de badulaques, encontrei aquele alfarrábio que, diferentemente do restante dos papéis que lá estavam, continuava branco, limpo e não tinha nenhum marca de traças. Uma coisa que me chamou a atenção foi o fato de muitas das folhas, atadas por um cordão de linho, como me foram entregues, estarem escritas. Escritas à mão.

Acabei por ler tudo aquilo, minha curiosidade me instigou. Tudo, até aquele momento, ali estava.

Hoje, com muito mais coisas por ali, o guia tem suas melhores páginas sendo escritas. Quando este de nada me servir, naquele ultimo instante, estará novamente em branco e pronto pra ir pras mãos de mais um andarilho.

domingo, 23 de novembro de 2008

Minas

E mais uma vez tudo voando. Não sei pra que o mundo gira, mais fácil vivermos rodopiando por aí sem destino e com apenas um rumo - a desorientação. Sem cheiros, sem cores, sem tempo pra saber o que fazer e com tempo pra sonhar.

Me diz, ó Pai, me diz, pai, cadê aquilo tudo que eu tinha? Onde estão minhas sinapses?

Sei que não é falta de vontade, sei que não é falta de ambição, mas a confiança não vem e, quando vem, vem acompanhada dum sossego, duma paz e duma calmaria; isso conforta e desespera.

Respostas pré-fabricadas pra descansar o descanso, cansado de tanto nada fazer. Me espanta a capacidade de criar, não as respostas. Me espanta, mais ainda, o descrédito na capacidade e na experiência da nova empreitada.

O lápis corre solto, viva o front da minha vida.

domingo, 2 de novembro de 2008

NEGA FULÔ

Já ouvi, centenas de vezes, esse tipo de pergunta. Hoje mesmo, mais de dez vezes. "Que tem de bom nisso?" Pra saber, é mais que empolgação, mais que ânimo, sentimento e sangue. Nada melhor.

Pra hoje só um comentário, guardado pra ser usado só em caso extremo como esse: "Inglezinho, tu é bom, até demais, só que tá fazendo graça pra criançada de casa."

Brinde ao troféuzinho xôxo do Moleque Ricardo, e palmas à taça cheia de baba que a Fulôzinha ganhou.