segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sobre "A Festa da Menina Morta"

Dirigido por Matheus Nachtergaele, lançado em 2008, o longa de 115 minutos chama a atenção principalmente pela relação com o tempo. Tudo passa muito devagar, grande parte das cenas é uma demonstração do marasmo em que vive a população ribeirinha.

De grande polêmica, o filme provoca sensações diversas nos espectadores. Até mesmo em Cannes, onde foi exibido na mostra Un Certain Regarde, alguns presentes deixaram a sala de exibições durante a sessão. Se nesta não foi premiado, o mesmo não aconteceu em Havana, Los Angeles, Chicago, Gramado e Rio de Janeiro.

A história se desenrola numa cidade onde, há duas décadas, é celebrada uma festa onde todos buscam ter a benção de um jovem santo, interpretado por Daniel de Oliveira, o Santinho, que, após o suicídio da mãe, recebeu da boca de um cachorro os trapos do vestido da menina que desapareceu e fala, em transe, todo ano, incorporando esta.

Várias sequências de sexo entre o Santinho e o pai, Jackson Antunes, aparecem durante o longa, não sendo essas os únicos momentos fortes.

Conta ainda com Dira Paes, Cássia Kiss e atores pertencentes à comunidade ribeirinha onde o filme foi gravado.

O roteiro, além de Nachtergaele, conta com a criação de Hilton Lacerda, um outro pernambucano e que ajudou Cláudio Assis em outros dois filmes bem polêmicos, "Amarelo Manga" e "Baixio das Bestas", que procuram confrontar padrões.

É uma contraposição do sagrado e do profano, e centra-se no poder do misticismo. Não aspira ser um filme leve e simples, muito menos digestivo e a ferocidade dos excessos do diretor vêm retratar um Brasil arcaico, primitivo e feroz. Isso traz a imipressão que, deste filme, nasce um novo diretor, sério, engajado e comprometido com o cinema.

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