terça-feira, 24 de novembro de 2009

A treva

Não aguento mais ter que reverenciar artistas imbecis. E o mundo está cheio deles. Nem só artistas, também muitos imbecis. Por onde passar haverá pessoas cantarolando - que nada, estão é proclamando hinos de uma geração emburrecida e sem ideal - músicas que dizem tudo sobre como ser uma mulher sem princípios, como o corpo de tal pessoa gera apenas, apenas mesmo, pensamentos e impulsos voluptuosos, rocks de baixíssima qualidade com uma sentimentalidade sem parâmetros e que incitam revolta - não é revolução. Também, em grande parte dos papéis midiáticos que vemos por aí, somos obrigados a engolir textos extremamente mal-feitos, grande parte das vezes sem lógica ou portadores de uma alinearidade que só caberia numa escrita surreal.

Estamos asfixiados num país que tão amplo. Parece que, atualmente, tentam fazer conosco o que Mao fez na Revolução Cultural: reeducar ou acabar com os artistas e intelectuais sob a acusação de que se diferenciavam do resto da população.

A arte provocou, nos últimos cem anos, um desconforto comparável a uma noite de sono num colchão de sabugos e palha.

A defesa da "naturalidade" do gosto e das idéias está em pauta há algumas décadas: só se deve gostar daquilo que já se gosta e entender daquilo que já se entende. Atualmente isso é vendido pela "democracia" da internet e do mercado, onde tudo está ao seu alcance.

O velho, mas não desatualizado, princípio da oferta e da procura, um princípio neo-liberalista, guia também a indústria cultural. - Dá-se ao público o que ele quer, já conhece e aquilo que o fará despender menos energia ao consumir.

Com absoluta certeza, muitos artistas, os verdadeiros artistas, deixaram de se apresentar em palcos ou escrever, compor ou o que quer que fizessem já que a mídia começou a impor o que a sociedade iria consumir e a desmotivação tomou conta de um ser iluminado.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não aguenta mais reverenciar? Não reverencie. Expresse sua opinião que será ouvida e absorvida por poucos. Jamais reverencie. Diferencie. Talvez notando a diferença, poucos te ouçam e tornem-se muitos. Assim aconteceram os grandes marcos da história.